Porto Alegre: Os Sinais do Previsível
por Daniel Ramos
As eleições municipais nunca são fáceis de prever, mas em Porto Alegre, os indícios estão sempre presentes. Basta olhar além da bolha para perceber que fatores aparentemente desconectados do processo municipal podem influenciar nos resultados, desafiando o clichê de que a eleição municipal não tem relação com o processo nacional.
Os anos de 2016 e 2020 reforçaram essa ideia, com vitórias inesperadas que surpreenderam a maioria dos analistas e especialistas.
Em 2016, a primeira eleição após as grandes manifestações que varreram o Brasil, Sebastião Melo, então vice-prefeito, era o favorito, mas foi derrotado por Nelson Marchezan Jr. Este se beneficiou do ambiente nacional, com a classe política desgastada pela Lava Jato e a esquerda enfraquecida. Marchezan, na Câmara Federal, era um crítico ferrenho dos governos petistas e conduziu uma campanha simples e direta, sem grandes superproduções, mas que o aproximava das pessoas, enfatizando a necessidade de mudança.
Quando faltavam 15 dias para o primeiro turno, Marchezan era o 4º colocado, disputando ponto a ponto a ida ao segundo turno com os representantes da esquerda, Luciana Genro (PSOL) e o ex-prefeito petista Raul Pont.
Melo, por sua vez, não era visto como um político tradicional, consolidando sua imagem como alguém próximo ao povo, especialmente pelo comando de uma operação de reconstrução da cidade após um forte temporal que causou estragos em Porto Alegre.
A campanha de Melo, especialmente nos últimos 15 dias, foi fortalecida pelo apoio de políticos tradicionais. Logo, Marchezan era o "novo", vencendo o primeiro turno, e Melo não conseguiu recuperar terreno.
Em 2020, quando se esperava um segundo turno entre Marchezan e Manuela D'ávila (PC do B), que ganhou destaque em 2018 como vice de Haddad na disputa nacional, Melo surpreendeu e impediu o então prefeito de chegar ao segundo turno. Venceu as eleições, contrariando pesquisas que davam 12 pontos de vantagem para a comunista. Nesse caso, o processo nacional não influenciou? Claro que sim. Manuela vinha da superexposição, e Melo criticou a condução de Marchezan na pandemia e a necessidade de recuperar a economia. Melo se posicionou e venceu.
A composição da chapa também foi um grande diferencial. Melo tinha ao seu lado Ricardo Gomes, um liberal convicto. Venceu e implantou uma administração voltada para o desenvolvimento econômico, focada na desburocratização e redução de impostos, ao mesmo tempo que cuidou da cidade e esteve sempre próximo das pessoas. O prestígio do prefeito entre os porto-alegrenses é grande, refletindo nas últimas pesquisas que o colocam 10 pontos à frente da petista Maria do Rosário, que contará com a máquina de propaganda petista.
O cenário parece se manter com uma disputa entre eles, mas duas variáveis ainda podem trazer mais emoção ao processo eleitoral: a possível movimentação do governador Eduardo Leite, lançando alguém já pensando em 2026, e a entrada de alguém ligado diretamente ao Bolsonarismo. Quanto ao movimento do governador, a possibilidade é maior, enquanto o surgimento da segunda variável parece mais distante.
Isso poderia adicionar mais emoção, mas não mudaria o cenário. Melo deve ser reeleito pelo conjunto: bom trabalho, aceitação de seu nome pelo antipetismo e seu posicionamento em 2022, quando não hesitou em declarar voto para Jair Bolsonaro. Os sinais são claros.
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